Nascido na capital pernambucana, Mário Filho transferiu-se para o Rio de Janeiro ainda durante a infância, em 1916. Iniciou a carreira jornalística ao lado do pai, Mário Rodrigues, então proprietário do jornal A Manhã, em 1926, como repórter esportivo, um ramo do jornalismo ainda inexplorado. Entusiasta do futebol, Mário Filho dedica páginas inteiras à cobertura das partidas dos times cariocas. Em Crítica,
segundo jornal de propriedade de seu pai, Mário revolucionou o modo
como a imprensa mostrava os jogadores e descrevia as partidas, adotando
uma abordagem mais direta e livre de rebuscamentos, inspirado no
linguajar dos torcedores. Vem desta época a popularização do "Fla-Flu",
expressão que muitos julgam ter sido criada pelo próprio Mário.
Aos dezoito anos de idade casou-se com Célia, que conheceu na praia de Copacabana e que foi seu grande amor por toda a vida.
Após a morte de seu pai e o fim de Crítica (que dirigiu por
poucos meses), Mário fundou aquele que é considerado o primeiro jornal
inteiramente dedicado ao esporte do Brasil, O Mundo Sportivo, de curta existência. No mesmo ano (1931) passa a a trabalhar no jornal O Globo, ao lado de Roberto Marinho, seu companheiro em partidas de sinuca. Leva para o jornal o mesmo estilo inaugurado em Crítica e ajuda a tornar o futebol -- então uma atividade da elite -- um esporte de massas. Em 1932, o Mundo Sportivo organiza o Concurso de Escolas de samba.
Em 1936 compra de Roberto Marinho o Jornal dos Sports Lá, Mário criou os Jogos da Primavera em 1947, os Jogos Infantis em 1951, o Torneio de Pelada no Aterro do Flamengo e o Torneio Rio-São Paulo,
que cresceu e se tornou o atual Campeonato Brasileiro. Os outros
esportes, como as regatas e o turfe, também mereciam de Mário uma
cobertura apaixonada.
No final dos anos 40, Mário lutou pela imprensa contra o então vereador Carlos Lacerda, que desejava a construção de um estádio municipal em Jacarepaguá, para a realização da Copa do Mundo de 1950.
Mário conseguiu convencer a opinião pública carioca de que o melhor
lugar para o novo estádio seria no terreno do antigo Derby Club, no
bairro do Maracanã, e que o estádio deveria ser o maior do mundo, com capacidade para mais de 150 mil espectadores.
Consagrado como o maior jornalista esportivo de todos os tempos,
Mário faleceu de um ataque cardíaco, aos 58 anos. Célia suicidou-se
poucos meses depois. Em sua homenagem, o antigo Estádio Municipal do
Maracanã ganhou o nome de Estádio Jornalista Mário Filho.
O grande teatrólogo e cronista Nélson Rodrigues, irmão de Mário Filho, homenageou-o com o jargão "o criador de multidões", pela sua importância na popularização do futebol no Rio de Janeiro e no Brasil .
Através de O GLOBO, Mário Filho passou a promover o
Fla-Flu. Inventou o campeonato de torcidas. Na semana de cada jogo
estimulava os torcedores a se superarem. Os grupos mais criativos, mais
festivos e mais organizados ganhariam taças e medalhas. Premiava o
primeiro torcedor a chegar no estádio. Sorteava uma geladeira entre a torcida. Rubro-negros e tricolores despertaram e começaram a aparecer o mar de bandeiras, os torcedores uniformizados, as charangas e, nos jogos noturnos, as lanternas, os fogos e os balões, tudo com as cores de Flamengo e Fluminense. Os torcedores levavam tambores de escola de samba, pratos de banda militar, clarins e até sinos. Mario Filho transformou o domingo de Fla-Flu num domingo de carnaval.
Mario Filho apenas nao inventou a sigla.
Tudo o mais no Fla-Flu moderno foi inventado por ele. Folclorizou
torcedores ilustres de cada time e transformou o passado do jogo
Flamengo e Fluminense numa saga. Quando escrevia sobre o 'Fla-Flu de
1919', era como se estivesse contando um capítulo da história mundial.
E, quando parecia que o interesse pelo jogo começava a decair, algo
acontecia que reativava o seu mistério.
Como o Fla-Flu da
decisão de 1941, disputado no campo do Flamengo, já na Gávea - em que o
Fluminense, para segurar o empate que lhe daria o campeonato, faltando seis minutos de jogo, começou a chutar a bola para a lagoa Rodrigo de Freitas, torcendo para que ela nao voltasse e o jogo nao acabasse.
Os remadores do Flamengo caíam na água, pescavam a bola e a devolviam
ao campo, mas o Fluminense a chutava de novo na lagoa. O cronometrista
(que o futebol ainda usava) parava o relógio, mas, depois de algum
tempo, ninguém mais sabia quando os benditos seis minutos deviam acabar.
Mário Filho transformou aquilo no "Fla-Flu da Lagoa" e escreveu páginas a respeito - que até o torcedor do Flamengo adorava ler, embora o Fluminense tivesse acabado campeão".
O Fla-Fla só é Fla-Flu porque Mário Filho existiu....
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